A hepatite B (VHB) é uma das doenças infecciosas mais frequentes em todo o mundo. Estima-se que existam 400 milhões de pessoas que transportam consigo o vírus, geralmente para toda a vida.
Esses são os chamados portadores crónicos do vírus da hepatite B. Constituem um reservatório ambulante do vírus. Além de poderem contaminar outras pessoas, estão em risco de virem a desenvolver cirrose hepática ou uma forma grave de cancro: o carcinoma hepatocelular, também chamado hepatoma.
A hepatite B transmite-se de várias maneiras, nunca por um simples beijo, abraço, ou aperto de mão. Nos países da Europa Ocidental, a sua transmissão ocorre principalmente por via sexual. O preservativo reduz de forma muito eficaz a sua transmissão.
A caracterização do vírus, a descoberta da vacina e do tratamento da hepatite B constituem um dos marcos da ciência moderna. Esta história de sucesso começa há 40 anos com a identificação de um elemento do vírus (antigénio Austrália) em 1965 por Baruch Blumberg.
A hepatite B é, na actualidade, uma doença evitável e tratável. A vacina da hepatite B é muito segura e eficaz. Este facto é comprovado pela sua inclusão nos Programas Nacionais de Vacinação em cerca de 160 países. Esta política de vacinação levou à redução do número de novos casos, de hepatites ditas fulminantes, da cirrose hepática e do carcinoma hepatocelular (hepatoma).
Deve-se promover, também, a vacinação de outros grupos como sejam os infectados pelo VIH, os toxicodependentes, além dos adolescentes e adultos jovens que, com vida sexual activa, se encontram em risco. Não nos devemos esquecer do fenómeno da imigração que ocorre em Portugal, proveniente não só de países africanos, mas também dos países de leste e do continente asiático: zonas com percentagens de portadores crónicos bem superiores à nossa.
Existem vários fármacos com eficácia comprovada na hepatite B. São inibidores potentes da replicação vírica (crescimento vírico). Quase impossível de curar, o objectivo do tratamento consiste em suprimir a replicação vírica. Os medicamentos actualmente disponíveis são muito eficazes neste objectivo, levando a uma melhoria significativa da situação clínica.
Professor Rui Tato Marinho - Presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado
Fonte: Jornal do Centro de Saúde